Para Elânia Ribeiro, 48 anos, o sonho de adotar uma criança é uma realidade por causa de sua perseverança. Com dificuldades para adotar uma criança no Distrito Federal, a proprietária de um salão de beleza e cabeleireira acabou se interessando por uma criança do estado de Goiás. “Soube de uma menina que havia sido abandonada pelos genitores, ainda no hospital. De lá a criança seguiu para o Lar Rebecca, na Cidade Ocidental”, declara.
Desde o primeiro contato, quando a menina tinha apenas 14 dias de vida, a empresária encantou-se pela menina e providenciou os documentos necessários para adotá-la. “Passei a sustentá-la materialmente antes mesmo de alcançar a guarda provisória porque tinha certeza que iria conseguir”, afirma. Depois de três meses, conseguiu a guarda provisória, não sem antes passar por uma bateria de entrevistas e visitas.
“A adoção é um processo demorado porque tem que ser feito com muito cuidado. É preciso que seja uma escolha racional porque a adoção é um processo judicial irrevogável”, alerta Walter Gomes, supervisor da seção de adoção da Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal. Entretanto, a burocracia e a morosidade dos processos desestimulam muitos casais que desejam adotar.
Segundo o supervisor a principal dificuldade na adoção não se restringe à burocracia ou à demora do processo de adoção. “Os pais não querem o perfil de crianças disponíveis para adoção”, esclarece. Desse modo, surge a chamada adoção tardia ou a adoção de crianças maiores de dois anos.
Conforme dados da Vara da Infância e Juventude, no ano passado, apenas dez adotantes disseram que gostariam de adotar uma criança com mais de seis anos, enquanto 288 declararam o desejo de adotar uma criança em seu primeiro ano de vida. O resultado é que ao chegar a um abrigo as crianças iniciam uma cruel luta contra o tempo, como se tivessem prazo de validade.
Outros critérios como a raça e o sexo também influenciam decididamente no processo de adoção. Segundo Elânia Ribeiro, sua filha que recebeu o nome de Vitória, já tem 1 ano e 11 meses e não foi escolhida por critérios pré-estabelecidos. “Ela que me escolheu, foi de coração. Ela é a minha razão de viver”, afirma. Contudo, não deixa de explicar que buscava uma criança recém-nascida ou com no máximo três anos e como ainda deseja adotar outra criança, vai tentar um menino dessa vez.
O bem que Vitória faz é facilmente perceptível na maneira como a mãe fala da criança “Tornei-me mais humana, mais feliz, até o estresse foi embora. Sinto por Vitória um amor incondicional”, vibra a mãe. “Mesmo contratando advogado para acompanhar o processo de adoção ou ao me lembrar das frustrações pelas quais passei diante de algumas recusas, sinto que valeu a pena ter passado por tudo isso só para estar hoje com minha filha. Gosto de desafios e adotar a Vitória tem sido o maior de todos”, confessa.
Para adotar uma criança o primeiro passo é comparecer a uma Vara da Infância e Juventude. Nessa visita, o adotante vai agendar uma entrevista para receber informações sobre os documentos que devem ser providenciados. Durante esse processo, o interessado poderá selecionar o tipo físico, idade e sexo da criança. A partir daí, fará parte de uma lista. Quanto menor for o número de restrições, menor o tempo de espera pelo filho desejado.
Um comentário:
Aldenora,
Seu texto ficou excelente. Parabens.
CD
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